terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Pioneiras - Dot Robinson e as Motor Maids

Dot Robinson
Dot Robinson nasceu em 22 de abril de 1912, na Austrália, e foi motociclista mesmo antes de nascer. Quando sua mãe entrou em trabalho de parto, seu pai, James Goulding, a levou para o hospital em um sidecar. Goulding foi um designer de carros e piloto amador e seus desenhos eram famosos por sua confiabilidade. Ele se mudou para os Estados Unidos em 1918 para expandir o negócio de sidecars e a família se estabeleceu em Saginaw, Michigan, abrindo uma concessionária de motocicletas. Dot cresceu neste universo e começou a pilotar muito jovem. Ela conheceu seu futuro marido, Earl, enquanto estava no colégio. Os Robinsons se casaram em 1931 e ambos participaram de corridas de resistência. Dot ganhou seu primeiro troféu em 1930 na corrida de Endurance Flint 100. 

Depois que o casal bateu o recorde transcontinental competindo juntos em 1935, a Harley-Davidson perguntou aos Robinsons se gostariam de abrir uma concessionária. Logo depois o casal se mudou para Detroit e abriu uma loja Harley-Davidson de sucesso, que funcionou até 1971. Em 1934, Dot competiu em seu primeiro Campeonato Nacional Jack Pine de Endurance em seu estado natal, Michigan. Em 1940, ganhou o famoso Jack Pine na classe sidecar, tornando-se a primeira mulher a vencer no AMA (American Motorcyclist Association) uma competição nacional. Ela repetiu a façanha em 1946. Após os Robinsons venderam sua concessionária em 1971, o casal viajou de moto. A viagem favorita de Dot foi uma excursão de 6.000 milhas através do país de seu nascimento, a Austrália. Earl morreu em 1996, mas Dot se manteve pilotando até janeiro de 1998 com a idade de 85, quando uma cirurgia no joelho tornou tudo muito difícil e a rotina de pilotagem teve que ser abandonada. Dorothy Robinson faleceu em 08 de outubro de 1999. Ela tinha 87 anos de idade. 

1ª dama do motociclismo
Em 1939, Dot conheceu uma motociclista da Nova Inglaterra chamada Linda Dugeau e juntas decidiram fundar uma organização de mulheres motociclistas. Dentro de um ano, a Motor Maids foi estabelecida. A organização foi fundamental para convencer muitas mulheres iniciarem no motociclismo por elas mesmas. Acompanhando a ideia de Linda Dugeau, Dot procurou em todo os Estados Unidos mulheres que possuíam e andavam em suas próprias motocicletasEncontrando 51 senhoras fundou em 1940 o Motor Maids da América Inc. Dizia ela: você pode muito bem pilotar uma moto e ser uma dama! Dali em diante, a premissa básica do grupo composto só por mulheres é: pilotar suas próprias motos, sempre arrumadas e com classe, como senhoras de fino trato! O lema é a espinha dorsal da organização até hoje!! Atualmente o Motor Maids possui aproximadamente 1.200 integrantes em todo os Estados Unidos e Canadá. Dorothy Robinson é umas das poucas mulheres no Motorcycle Hall of Fame Museum. Viva as pioneiras!!!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Sonho realizado - A aventura de Geisa

Quantas vezes carregamos em nossos corações aquele sonho de pegar a motocicleta e sair sem destino? Mas as circunstâncias de nossas vidas às vezes nos impedem de realizar aquela viagem tão sonhada e desejada. Planejava uma viagem para o nordeste desde 2003, quando ainda possuía uma NX 200 e queria rodar até Fortaleza - CE com ela. Mas, por um motivo e outro, acalentei em meu coração somente o sonho dessa viagem, enquanto me desvencilhava das dificuldades para realizá-la. Então, em setembro deste ano, apareceu a grande oportunidade: poderia sair sem destino por 20 dias. Tranquei minha matrícula na faculdade no último ano, arrumei minha mala, e parti. Somente com uma rota: o nordeste. 

Não importava onde. Fui nos primeiros 700 km com o coração apertado, pensando no porquê dessa vontade desvairada de cair no mundo, tão longe da minha família e enfrentando os perigos da estrada. Após este período, comecei a mentalizar que não curtiria minha trip se continuasse com a cabeça focada no que poderia dar errado e passei a pensar no que poderia dar certo, nos lugares e pessoas que teria oportunidade de conhecer. E deu. Minha viagem foi cercada de pessoas gentis por onde eu passei, me encantei pela Bahia e nem consegui sair dela!! Para dizer a verdade, Arraial D'Adjuda me encantou. Conheci pessoas tão especiais que é como se tivessem feito parte da minha vida desde sempre. Foi como um reencontro. Fui até Itacaré e voltei para Vitória da Conquista, que também conquistou meu coração. No total, foram 4 mil km. Durante a viagem foi como uma redescoberta de mim, de que aquele sonho há tanto tempo aquecido em meu coração não perdeu a chama e me impeliu mundo afora para minha felicidade total. 

Geisa e sua companheira de estrada - A viagem foi em set de 2013. Depois dez 2013 e fev 2014
A experiência foi tão boa, que depois de votar para casa, já estava pensando na próxima aventura e em dezembro me lancei na estrada novamente, desta vez até Entre Rios - BA, para um evento onde ia encontrar minhas amigas da primeira trip, também motociclistas. Nessa trip, 1860km só pra ir, foram 3720km em 6 dias. Aprendi a não colocar o carro na frente dos bois, a esperar pela minha oportunidade de viajar sem que atrapalhasse minha família, meu negócio e meus estudos. Aprendi que o tempo somos nós que fazemos, quando nos organizamos em torno de um objetivo. E quando está na hora certa de alcançá-lo, você sente que tomou as decisões corretas para a vida te levar ao lugar onde você queria estar. Viajei no melhor momento, quando tudo estava em paz e organizado, para que eu pudesse somente desfrutar da estrada à minha frente e mais nada. Só saio de casa se estiver em paz comigo e com todos, porque a pior coisa é estar longe e ficar pensando nos problemas que deixamos para trás. Contei isso tudo para quem tiver um sonho como o meu, não desanimar e se organizar. Dê tempo ao tempo, porque com organização, o objetivo definido é mais fácil de ser alcançado, seja uma viagem, uma moto, ou mesmo a casa própria. A vida é feita de escolhas que nos levam ao lugar onde deveríamos estar. Um motoabraço a todas minhas companheiras de estrada.

Geisa Barbosa
Fotos: arquivo pessoal

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Motociclista paranaense percorre 12 mil km e visita 14 estados em um mês

A viagem teve início no dia 24 de outubro, em Palmeira, no Paraná. É o meu jeito de me sentir livre', diz Lucimara Mendes, de 28 anos.

Sozinha, ela saiu de Palmeira, no Paraná, e seguiu até o Ceará (Foto: Arquivo pessoal)
Em um mês, a paranaense Lucimara Mendes, de 28 anos, percorreu 12 mil quilômetros de moto. Sozinha, a motociclista deixou o Paraná, desceu até o Rio Grande do Sul e, depois, subiu de novo até o Ceará pelo litoral brasileiro. Na verdade, Lucimara diz que não fez o trajeto sozinha. "Fui com a Estrela, minha moto e minha melhor parceira. Estrela porque brilha que só ela", explica. A viagem começou no dia 24 de outubro e terminou na segunda-feira (24), em Palmeira, na região dos Campos Gerais do Paraná, cidade em que a instrutora de autoescola mora. “Por todos os lugares que passei, as pessoas ficaram espantadas. Não são todos os dias que uma mulher resolve, sozinha, viajar de moto pelo país. Eu me sinto realizada”, revela.

Além do Paraná, Lucimara visitou Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Minas Gerais. Ela estima que tenha conhecido pelo menos 30 cidades e passado por outros 200 municípios. No caminho, teve vinho em Gramado, foto de braços abertos com o Cristo Redentor, mergulho com os peixes e passeio de buggy em Porto de Galinhas e, claro, teve pão de queijo em Poços de Caldas.

Planejamento

A viagem foi perfeita, segundo Lucimara. Para tanto, a motociclista explica que começou a planejar os detalhes do percurso com quase um ano de antecedência. Toda a rota pelo interior dos 14 estados pelos quais ela passou foi traçada depois de muitas pesquisas. A instrutora diz que definiu previamente, inclusive, por quais estradas viajaria. “Optei pelas rodovias que ofereciam algum tipo de assistência caso aparecesse algum problema no meio do caminho”, afirma.As reservas nos 20 hotéis e hostels em que a motoqueira se hospedou durante a viagem também foram feitas todas antes. “Nem todas as cidades tinham hostels. Mas, nas cidades que tinham, não pensei duas vezes antes de fazer a reserva. Não me arrependi nem um pouco. São lugares limpos, bem organizados e que oferecem boas refeições, como o café da manhã", afirma. Ela diz ainda que teve que dividir os quartos com gente de todos os cantos do Brasil. "Eu achei ótimo. Fiz várias amizades e ouvi muitas histórias que vou levar para toda a vida, sem dúvidas", acredita.

A viagem

Para cumprir o roteiro, Lucimara lembra que deixava os lugares em que dormia bem cedo. “Todos os dias, por volta das 6h, eu subia na minha moto e estacionava às 17h, quando começava a escurecer”, lembra. Na estrada, ao longo de um mês, a motociclista relata que choveu bastante, ventou demais e também fez sol de rachar. Para se proteger da chuva, a instrutora conta que usou uma capa em vez de parar o trajeto. “Mas, pior do que chuva forte, foi o sol escaldante. Em Fortaleza, no Ceará, chegou a fazer 41ºC. A sensação térmica era muito maior”, lembra. Conforme Lucimara, passar protetor solar não foi suficiente para se proteger. “Tive que usar uma blusa pesada para não me queimar inteira”, lembra.


Ponta do Seixas - Paraíba
A peça de roupa foi uma das únicas de frio que ela colocou na bagagem, levada no baú da Estrela e em uma pequena mochila. E Lucimara garante que não faltou nada e ainda sobrou espaço. “Levei roupas, sapatos, bijuterias, cosméticos, chapinha, um diário para registrar os detalhes... coube tudinho”, garante. A motoqueira brinca que é uma exceção entre as mulheres. “Geralmente, elas precisam de malas gigantes para quando vão viajar. O baú da Estrela e a mochila foram suficientes para mim”, afirma. Ao longo do trajeto, a motoqueira conta que, constantemente, atualizou as redes sociais com fotografias e postagens sobre a viagem. “Todos os meus amigos, minha família e até quem não me conhecia passaram a acompanhar virtualmente os meus passeios. Foi muito legal ver que eles também ficaram empolgados”, revela. Segundo ela, ao fim do roteiro, havia mais de 3 mil fotos tiradas.

'Eu preferi e sempre vou preferir ir de moto para aproveitar cada beleza ao longo do caminho', revela Lucimara
Agora, em casa, Lucimara já planeja a próxima viagem com a Estrela, que marca 36.489 quilômetros rodados. O destino é a Patagônia. Para chegar lá, a motociclista estima que sejam necessários percorrer mais de 16 mil quilômetros. “Pegar um avião, para mim, não tem graça. Eu preferi e sempre vou preferir ir de moto para aproveitar cada detalhe ao longo do caminho. É o meu jeito de me sentir livre”, revela.

Fonte: G1
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