O tão ansiado momento da compra de uma motocicleta chegou. E aí? Seja para os que vão comprar a primeira moto, seja para os que já vivem há tempos no mundo das duas rodas, a hora é delicada, capaz de tirar o sono. As dúvidas são muitas, e as considerações vão bem além do mais prosaico dos problemas, e quase sempre determinante: o dinheiro. O mais óbvio e melhor dos conselhos é conter ao máximo o endividamento. O ideal é limitar os desejos a um bem que efetivamente possa ser pago sem grande sacrifício, lembrando que motos, assim como carros, são sujeitas a forte depreciação e não devem ser vistas como investimento. E é importante não desconsiderar os custos de manutenção e seguro, este verdadeiramente impeditivo em alguns casos, dependendo do perfil do usuário e da localidade em que reside. Passada essa "pincelada" na parte chata – custo de aquisição, manutenção e preservação do bem – vamos a questões bem mais amenas de se tratar, ou seja, as variáveis na escolha de uma moto. Reservo abaixo algumas considerações fundamentais para a compra da primeira ou da 15ª moto da sua vida.
Alta, baixinha ou pesada?
O espelho, preferencialmente um dos grandes, onde você se veja de corpo inteiro, é um bom começo para a escolha, especialmente para iniciantes no guidão. Se você é alta ou a balança frequenta a escala na área dos três dígitos, muita atenção, pois não será qualquer moto que garantirá a devida segurança. A capacidade de frear e contornar curvas e obstáculos de qualquer veículo levando uma importante massa corpórea fica comprometida e, assim, se você é grandona, pesadona, ou ambos, fuja dos modelos pequenos. A não ser que você queira roubar o emprego do urso no circo...
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BAIXA - Suzuki Burgman 125i |
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MÉDIA - Honda Hornet |
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ALTA - Yamaha Ténéré 660 |
Na outra extremidade dessa análise, digamos, literalmente reflexiva, estão aqueles cuja estatura não é privilegiada, a turma que na escola ou no trabalho recebe carinhosos apelidos, mas sempre no diminutivo. Para estes algumas motos são especialmente cruéis, exigindo aplicar o verbo "escalar" no lugar do mais usual "montar". Novata e baixa? A moto alta é tremendamente contraindicada, uma vez que conseguir colocar os pés no solo de forma rápida é parte indissociável do aprendizado nas artes do guidão. Uma outra olhada no “espelho”, desta vez o de sua consciência, vai evitar dissabores futuros. Seja honesto consigo mesmo: não superestime sua habilidade. Parta do pressuposto de que você ainda tem tudo (para os iniciantes) ou muito (para os iniciados) o que aprender. Posto isso, lembre-se que motos são seres inanimados e quem deverá estar no comando, sempre, é você.
Começar com uma supermoto ultrapotente pode parecer um desafio fascinante, mas logo será perceptível o quanto é frustrante não poder domar tanta potência convenientemente. E, mesmo as que se consideram habilidosas e experimentadas, com bons quilômetros no currículo de motociclista, um aviso: as atuais superesportivas só são realmente aproveitáveis por superpilotos. Na verdade elas são belos e sedutores "cartões de visita" tecnológicos dos fabricantes, mas sua utilização em ruas e estradas é, na maior parte das ocasiões, frustrante, seja por conta do desconforto da posição de pilotagem, idealizada para uso em pista, como pelo funcionamento inadequado deste tipo de moto em baixa velocidade, ou pela cada vez mais rígida fiscalização.
Para que quer a moto?
A mais importante questão que deve ser respondida por quem se propõe a comprar uma moto é acerca de sua utilização: qual será o tipo de uso? Se a resposta for "meio de transporte urbano", itens como agilidade, praticidade e economia de exercício são os alvos prioritários.Contudo, se a isso se somar o uso para lazer nos fins de semana, em viagens curtas e com a presença de alguma bagagem e companhia na garupa, há de se prever maior capacidade de carga e potência, que elimina da lista veículos eminentemente urbanos como os práticos scooters e motonetas. Um simpático Burgman 125i ou uma Honda Biz são imbatíveis no vai e vem da cidade. Mas, para aquela esticada ao sítio ou à praia, com namorado a tiracolo, deixam muito a desejar. Já uma pequena utilitária de 150 cilindradas ou, melhor ainda, de 250 cc ou pouco mais que isso, segura bem a onda destes passeios desde que limitados a 100-150 km de distância. E se houver estradas de terra nos trajetos do dia a dia ou nos de lazer, as trail, com seus pneus mistos e maior curso de suspensão, são ideais. Mas, atenção: quanto maior, mais alta e pesada for a moto, menos econômica ela será e mais habilidade exigirá para uma condução segura.
Força na medida certa
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MENOS POTENTE - Kasinski Soft 50 - 3,5 cavalos |
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MÉDIA - Triumph Tiger 800XC - 95 cv |
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MUITO POTENTE - Kawasaki Ninja Zx 14R - 210 cv |
Está de olho na Harley?
O brilho do metal cromado e a pulsante batida dos motores das motos custom, da qual a maior representante é a americaníssima Harley-Davidson, tem gerado um interessante fenômeno: o resgate de motociclistas que se afastaram do guidão em épocas passadas. Muitas abandonaram a moto por causa do casamento, da chegada de filhos, do emprego, etc. Cumpridas as tarefas sociais e profissionais, com os filhos criados e bolso fornido, elas se voltam em boa parte ao mundo custom e suas motos chamativas, imponentes e com dirigibilidade fácil por conta da baixa distância do assento em relação ao solo, apesar do peso e volume exagerado característico deste tipo de máquina. Para esta tribo de motociclistas de volta ao ninho, um recado: não se superestime. Por mais que você tenha sido uma voraz motociclista na sua juventude, exagerar no "calibre" de sua reluzente custom pode ser um erro. Prefira começar com modelos mais leves e fáceis de tocar para este regresso ao “Planeta Moto”. Uma outra turma muito em voga, não apenas no Brasil, mas em todo o planeta, é formada pelos que admiram as motos criadas para grandes viagens e aventuras. Os maiores exemplos são a grã-turismo Honda Goldwing, um verdadeiro transatlântico sobre rodas, e a BMW R 1200 GS, a maxienduro favorita dos que sonham em dar um "pulinho" até a Patagônia, cruzar as estepes siberianas ou passar o próximo feriado prolongado no deserto do Jalapão.
A estas candidatas a alcançar quilometragens recorde ao guidão, vale lembrar que tais motos exigem pernas fortes (e longas, no caso das maxienduro) e destreza acima do padrão. Invariavelmente dotadas de grandes tanques e malas, por causa do grande volume e peso, elas requerem especial atenção nas manobras em baixa velocidade. Podem parecer lindas e chamativas, tentadoras para se exibir na avenida da praia ou nos locais da moda, mas tremendamente inadequadas em situações de uso urbano. Para elas, vale discurso parecido com o feito para as superesportivas: use-as no ambiente para as quais foram criadas. A pista, para as esportivas, ou a estrada, para as GT e maxienduro. Enfim, o resumo é o seguinte: escolha a moto que bem entender, mas leve em consideração os pontos básicos descritos acima. O mais importante deles, certamente, é botar seu bom-senso para funcionar. E seja feliz.
Peso pena x peso pesado
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LEVE - Dafra Super 50 - 94 kg |
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MÉDIA - BMW G 650 GS - 193 kg |
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PESADA - Harley-Davidson Electra Glide Ultra Limited - 413 kg |
Fonte: G1
Muito bom essa matéria! Gostei.
ResponderExcluirGente adorei a matéria!!!! Muito bem humorada e informativa! As informações são elucidativas. Parabéns!
ResponderExcluirBoa tarde meninas do blog!
ResponderExcluirAdorei essa matéria, quem além de interessante é bem explicativa/educativa.
Nos ajuda bastante a decidir o "modelito" certo, que seja para nos acompanhar no dia-a-dia ou em viagens mais longas.
Eu já tenho a moto certíssima pra mim. Agora é correr atrás pra conquistar esse sonho!
Abraço a todas!